FORMOSA

 

Bela rosa,
Que se mostra tão solta,
Bela rosa em botão;
Abre pra mim suas pétalas macias,
Bela rosa que se arrepia
Com calor da própria mão.

Bela rosa sedutora,
Deixa teu néctar suave
Escorrer por entre os dedos.
Mostra-me o botão que se arrepia,
Goza só pra mim, de mansinho
E eu juro: será nosso segredo.

Bela rosa
Que me arranca loucos suspiros,
E me faz delirar de tanto tesao;
Deixa teu néctar escorrer entre os dedos,
Despetalando meu peito,
Repleto de paixão!

Wander Rodrigues

SOU

Entrego-me em tuas mãos;
A noite é uma criança...
Menina que dança,
Vem me abraçar.
Acalma minha ansiedade;
A noite está tão quente...
Menina sorridente,
Dá-me tua boca para eu beijar.

Sou menino sem sono,
Contando carneirinhos
Para ver se o sono chega.
Sou lobo assustado,
Procurando o luar
Que noite me nega.

Entrego-me em tuas mãos;
A noite não passa...
Menina cheia de graça
Vem e me faz sorrir.
Declamo o teu nome;
A noite está tão escura...
Menina que me tortura,
Vem me possuir.

Sou animal faminto
E sinto de longe
O teu cheiro de mulher.
Vem, pois sei que sabes Que eu sou teu homem...
Que eu sou o homem
Que te quer!...

Wander Rodrigues

Imagem: Poussière d'étoiles - Ludovic Florent

VENENO

Bebo em teu beijo
E sinto o desejoTomar conta do meu ser.
Tua saliva invade minha boca
Como veneno delirante,
Como droga do prazer.

E eu me vejo presa
De tuas garras de felina...
Tua saliva me alucina,
Percorrendo em minhas veias.
E, enquanto lambes minha pele,
Sinto-me arrepiar inteiro;
Lobo tornado cordeiro,
Enrolado em tua teia.

E quando, insatisfeita, me domina,
Jogando-me no colchão
E me atacando, faminta,
Numa volúpia que não para;
Rendo-me ao teu desejo,
Como um animal pequeno
E bebo, de tua fonte, o veneno
Que esfregas na minha cara.

E é tanta loucura...
Entrego-me à tua tortura,
Enquanto me cavalgas, tal amazona;
Guerreira que se diverte
Sobre mim.
E quando te sacias te sinto estremecer
E voltas a beijar-me o corpo,
Sugando com enorme prazer
O antídoto quente que trago
Para ti!

Wander Rodrigues

AUSÊNCIA

Tão nu
À sua frente...
Tão nu
E carente...
Tão aqui
E ausente.
Alma longe
E o corpo presente.

Indiferente
E crú...
Mente distante,
Além do azul
Do céu cintilante,
Que me vê tão nu
E ausente...
Nada seu
À sua frente!

Wander Rodrigues